
Procurei
para ver se tinha algum filme bom, de preferência de terror, mas não tinha
nada. Então como estava meio cansado, desisti de ir para Sampa. Fiquei por aqui
mesmo em minha cidade.

Tomei
o busão até o terminal do bairro, e depois tomei outro para o shopping. Apesar da
chuva, tinha muitos carinhas de bermuda, mas poucos de chinelo.

Cheguei
no shopping e fui ver a programação de filmes. Como nenhum me interessou,
resolvi ir dar um role. Passei numa loja de sapato e fiquei olhando para uns
sapatos que estavam em exposição.
Estava com fone de ouvido, mas escutei o
vendedor perguntando para o carinha que estava sentado experimentando um
sapato, sobre o que ele fazia. O cara não quis responder.
O vendedor disse que
se ele andasse muito, que aquele sapato era o melhor. O carinha era um gordinho
de pele morena clara, calçava uns 42.
Reparei que o vendedor ficou o tempo todo
ajoelhado. Que tesão deve ser passar o dia todo se ajoelhando diante pés
masculinos. Apesar do cara estar de meia, seus pés eram bem gordinhos. Baita solão
largo.



Não
achei o que queria e acabei indo embora.
Passei
numa loja e comprei dois cremes para os pés. Experimentei o exfoliante e fiquei
com os pés bem macios. Pareciam de bebês.

Depois, aproveitei que não tinha saído durante a semana, e fui até o mercado para fazer algumas compras.


Disse que ele ligava de dez em dez minutos. Dei risada novamente e ele também. Nos olhamos de uma maneira diferente, mas fiquei na minha. Apesar dele não fazer o meu tipo, gostei dele.

Durante
o tempo que permaneci na fila, trocamos olhares algumas vezes. Acho que ele
lembrou de mim. Depois de um tempo, ele saiu e foi embora.
Paguei
minhas compras e me mandei para o ponto de ônibus, rezando para a chuva não engrossar.
Logo que cheguei, coloquei minhas coisas no banco que estava meio molhado. Comi
uma barrinha de cereal. Sem querer, olhei para trás e avistei o carinha do
supermercado.
Ele passou do outro lado da calçava e ficou me olhando enquanto
passava. Eu estava com as mãos ocupadas. Pensei até em acenar para ele, mas
ficamos apenas nos olhando. Pensei que fosse me comer com os olhos. Aquele olhar
43.

Tomei
o busão lotado e precisei da ajuda do trocador de ônibus para segurar a minha
caixa enquanto passava na roleta (ou catraca). De vez em quando pego ônibus com
esse trocador. O cara é branco, meio gordinho e tem olhos claros. Esse sim fazia o meu tipo. Ele é sempre muito
simpático.
Chegamos até a trocar ideia, enquanto fiquei esperando o busão entrar no terminal e estacionar o ônibus para a gente descer.
Depois de mais uma troca de ônibus, finalmente cheguei em casa.
Resolvi fazer cachorro
quente, pois não tinha almoçado ainda. Fazia meses que não comia um cachorro
quente tão delicioso. Só que comi com pão integral. No lugar da maionese,
coloquei requeijão. Depois fiquei um pouco na internet e aproveitei para
assistir MTV. Passava um especial com a Gaby Amarantos.
Chegamos até a trocar ideia, enquanto fiquei esperando o busão entrar no terminal e estacionar o ônibus para a gente descer.
Depois de mais uma troca de ônibus, finalmente cheguei em casa.

Em determinado momento,
ela disse: “Tenho celulite, e daí? Sou feliz do jeito que sou, e daí?”. Em vários momentos do
show, ela levantava a autoestima da galera. Fiquei apaixonado por ela. Apesar de
não ser o tipo de música que curto, foi o maior barato ver a galera cantar
junto com ela.

Acho
que no filme “Não gosto dos meninos”, alguém fala sobre como é bom sair do
armário, porque as pessoas que se aproximarem de você, vão ser mais sinceras. Se
a Gaby é feliz com seu excesso de gostosura, eu também posso ser feliz sendo como
sou.

Sou
magricelo, e daí?
Sou
gay, e daí?
Beijos
nos pés!
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