segunda-feira, 18 de julho de 2011

O motoqueiro fantasma

Era quase onze e meia. Sai do trabalho e estava afim de ir a pé para casa. Meu único medo era uma estrada que tinha que caminhar com pouca iluminação. Mesmo assim resolvi ir. Queria pensar um pouco. Colocar as idéias em ordem.



Quando menos esperava, surgiu um motoqueiro do nada. Passou por mim do outro lado da pista, indo em direção ao sentido que caminhava. O cara me viu e parou. Deu um pouco de ré e perguntou se queria uma carona, pois ia para o mesmo lado que eu. Tive que pensar rápido, mas mesmo assim, decidi aceitar. Acho que o cara não tinha más intenções.

Ele estava com uma mochila de entrega de pizza nas costas e pediu para eu usá-la para dar espaço para eu sentar. Disse que estava leve. Enquanto colocava a mochila, reparei que o cara tinha umas coxas grossas. Fiquei logo imaginando suas pernas e principalmente os seus pés. Olhei para baixo e percebi que calçava uns 42. Do jeito que eu gosto.




Montei na moto e disse que nunca havia andado e pedi para ele não correr muito. Me orientou para eu colocar o peso no sentido contrário na hora de fazer uma curva. Perguntei onde poderia me segurar. Ele respondeu, “segura aí!”.

Não entendi! Mas me segurei atrás do assento. Quando ele começou, senti um pouco de medo. Então pedi para segurar em sua cintura “com todo o respeito”. Ele acenou com a cabeça que sim. Então lembro que passei minhas mãos pela cintura dele até a barriga. Tinha uma barriguinha gostosa. Era bem quentinha.


Foram poucos minutos, mas imaginei tanta coisa! No caminho, o vento batia forte em meus olhos. Tive que fechar por causa da poeira. Estava um pouco frio. A sensação térmica aumentava mais e mais com a velocidade que ele atingia. Senti a descarga de adrenalina percorrendo meu corpo literalmente. Apesar do medo, foi uma experiência muito agradável.


Quando chegou perto do trabalho dele, pediu para eu descer. Lembro que disse, “é aí que trabalho, quando quiser comer uma pizza, é só aparecer”. Dei um sorriso enxugando as lágrimas que escorriam pelo rosto. O vento me fez lagrimar. Agradeci e nunca mais o vi de novo.
Às vezes penso em ir à pizzaria para ver se o encontro novamente, mas na realidade, acho que não o reconhecerei. Já faz alguns anos, além disso, estava noite e o cara estava de capacete. Não vou reconhecê-lo, a não ser que ele venha falar comigo. A única coisa que lamento é de não ter me insinuado mais para ele. Podia ter dado meu telefone, sei lá! Quem sabe o cara não ligaria de volta. Mas tudo bem! Penso com carinho naquele motoqueiro fantasma!


As pessoas tem um pouco de preconceito contra os motoqueiros, mas não imaginam o que se passa na cabeça deles. O risco que correm no trabalho principalmente. Quando assisto o noticiário, penso em quantos motoqueiros deliciosos poderiam estar iluminando o nosso mundo e no quanto os seus pés poderiam nos dar prazer!
Beijos nos pés!

 


 

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