Na
véspera da viagem, acabei indo dormir bem tarde. Então quando foi no outro dia,
demorei a levantar.
Quase desisti de viajar naquele dia. Mas como queria passar
a sexta no Rio, acabei levantando na marra. Acho que sou a única pessoa do
mundo que faz corpo mole para viajar. Quando acordei, tomei banho, me arrumei,
comi e terminei de guardar as coisas na mochila.
Tomei o busão para fazer minha
maratona de sempre. Quando me dirigi para o fundo do ônibus, meu fone de ouvido
engatou e quebrou. Fiquei sem ouvir música, mas fui lendo a viagem toda.
Comecei
a ler o livro Diário de Uma Paixão.
Os sentimentos dos adolescentes, a primeira vez, a oposição da família, preconceito, Mal de Alzheimer e principalmente o amor na terceira idade.
A
viagem de trem foi bem tranquila. Quando cheguei no Tietê, o ônibus convencional
iria sair bem mais tarde, então acabei indo no executivo.
Logo que entrei, procurei o meu lugar para sentar. Fiquei na frente de um carinha meio gordinho muito lindo.
Logo que sentei, chegaram duas senhoras que estavam
na poltrona atrás da minha. Aí o cara teve que sair e acabou sentando ao meu
lado, só que do outro lado do corredor.
Tinha cabelos lisos e castanhos. Seus olhos eram bem castanhos. Sua pele era branca, mas com um belo bronzeado. Tinha cara de surfista.
Apesar de meio gordinho,
suas pernas não eram muito grossas, mas tinham pelos dourados, e na perna
esquerda, tinha uma tatuagem de dragão.
O cara sentou e foi assistindo um filme que passava. Aí lembrei que tinham dado um kit com travesseiro, cobertor e fone de ouvido. Peguei o fone e comecei a escutar minhas músicas de metal.
Ao mesmo tempo lia e reparava no carinha que
estava ao lado. Ele às vezes dava uma risadinha engraçada, tipo de adolescente.
Um riso frouxo.
Depois
de uma hora, ele resolveu tirar o tênis e ficou descalço. Foi uma tentação. Escutava
música, lia e de vez em quando, olhava para seus pezões 42 que eram bem brancos
e rosados.
Tinha um pouquinho de joanete, mas eram bem largos. A sola devia ser
bem macia e quentinha. Um pouco antes de ele tirar, pensei em tirar os meus. Mas
depois acabei desistindo. Fiquei com receio do cara pensar que tinha tirado por
causa dele.
Às vezes ele esticava o pé esquerdo, e quase chegava a encostar na
minha perna direita. Foi um tesão muito grande essa viagem. Paguei o preço da
ponte aérea, mas valeu muito a pena.
Na
hora de descer, ele me olhou, mas eu acabei desviando o olhar. Quando fui pegar
minha mala no bagageiro, ele estava pegando sua mala e uma baita prancha de
surf. Acho que era profissional, só pela vibe da prancha.
A
viagem demorou um pouco por causa de um congestionamento, mas acabei chegando
às 9 horas. Ainda não tinha decidido onde ficar, então acabei tomando o busão
para o Botafogo mesmo. Gostei do Hostel do ano passado.
Era bem familiar,
parcialmente limpo, cozinha comunitária, internet, uma gatinha de estimação
andando pela sala e o principal de tudo, estava numa boa localização.
Chegando lá, tinha um
americano atendendo na portaria.
Era um morenaço bem gato. Pena que depois foi
embora. A dona vendeu o Hostel e esse novo proprietário estava afim de terminar
com ele. Mas acabou continuando. Não tinha ninguém da minha época, apenas a
gatinha chamada Marie.
Pedi
para ficar no quarto debaixo, mas ele me indicou o de cima, porque embaixo
estava em reforma. Transformaram o quarto grande em três pequenos quartos. Um estava
ocupado, o outro estava em reforma e o outro estava com duas senhoras que não queriam
se misturar com os homens.
Subi
e fui escolher a minha cama. Gostei de ficar no terceiro andar do triliche,
porque fica no alto e dá para ter um pouco de privacidade. Escolhi uma cama, aí
o cara reclamou um pouco. Depois escolhi a cama do lado e ele disse que o outro
hóspede era muito cricri. Mas fiquei lá assim mesmo. Tomei banho e arrumei
minha cama.
Quando o senhor cricri chegou, foi logo perguntando se eu me mexia
muito. Falou que acabou saindo do outro Hostel por causa de desentendimento com
o companheiro de cima. Disse que não levantava à noite e que dormia cedo.
Também disse que não me mexia muito. Desci e fui comer. Enquanto preparava meu prato de frutas, encontrei com duas colegas de trabalho. Uma tinha conhecido na época da faculdade.
Trocamos figurinha e conversei mais com a minha colega da
faculdade. Entrei no quarto às duas da manhã para pegar minhas coisas para
escovar os dentes.
Aproveitei que elas tinham me convidado para dormir e puxei
meu lençol e travesseiro com todo cuidado para não acordar o senhor cricri, e
me mandei para o quarto delas.
Amanhã
conto como foi o meu primeiro dia no Rio.
Beijos
nos pés!
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